Exercícios - Filosofia da Ciência 3EM
1. (Unimontes 2010) A filosofia é a disciplina que
permite que o indivíduo tenha uma atitude de admiração. Por que admiração? Por
que estranhamento? Admiração é a categoria que nos possibilita tomar
consciência da nossa própria ignorância. Ignorância entendida aqui como
ausência de conhecimento. É essa categoria que estimula a abertura para o
saber, o conhecer. (PRATES,
Admilson Eustáquio. O Fazer Filosófico. Montes Claros: Unimontes, 2006.)
Aristóteles,
no início da Metafísica, lembra-nos
que, “Na verdade, foi pela admiração que os homens começaram a filosofar tanto
no princípio como agora”.
Das
afirmativas abaixo, assinale a correta.
a) A admiração conduz ao devaneio e à distância da filosofia.
b) A admiração liga-se aos sentidos e é falsa em sua origem.
c) A admiração é enganadora e confusa na constituição do conhecimento.
d) A admiração constitui possibilidade ímpar para o ato de filosofar.
2. (Ufsj 2010) “Galileu e seus sucessores,
atirando objetos de alturas para o solo, e fazendo rolar esferas sobre planos
inclinados, contrastavam nitidamente seus métodos com a anterior e habitual
especulação inspirada na Metafísica Aristotélica. Achavam-se, pois, abertamente
em jogo os procedimentos adequados para a elaboração do Conhecimento. E era
preciso não somente determinar esses procedimentos, mas trazer a sua
justificação e reeducar-se na condução dos novos métodos. Tanto mais que tais
métodos iam chocar-se em última instância com preconceitos profundamente
implantados em concepções tradicionais que traziam o poderoso selo de
convicções religiosas. As necessidades do momento levavam assim os homens de
pensamento a se deterem atentamente nos problemas do Conhecimento. O que, afora
as estéreis manipulações verbais a que se reduzira a Lógica formal clássica,
praticamente já não detinha a atenção de ninguém”.
Assinale a alternativa que expressa o problema central desse fragmento de texto.
a) A tentativa dos modernos em empreender uma nova metodologia para a
Ciência e para a Filosofia.
b) A iminente necessidade de se praticar uma Filosofia conduzida por novos
métodos e técnicas de aprimoramento da metafísica aristotélica.
c) A grande emergência de se fazer uma total integração da Filosofia com a
Ciência através de uma tentativa de equiparação dos seus métodos.
d) A constatação de que a Filosofia passaria a assumir o comprometimento
com as questões relativas ao problema da retórica aristotélica bem como do
conhecimento teológico.
3. (Ufsj 2010) Assinale a alternativa CORRETA em relação ao objeto da
Filosofia.
a) O objeto da Filosofia é, notadamente, o Conhecimento considerado em toda
a sua amplitude, a partir do processo da elaboração cognitiva, que é
propriamente o pensamento e a comunicação dessa atividade pensante.
b) A Filosofia tem por objeto a expressão de tudo o que pode o Homem
pensar.
c) O objeto de estudo da Filosofia é idêntico ao objeto de estudo da
Ciência, sendo que a sua convergência é orientada pelo método experimental
utilizado por ambos.
d) A Filosofia tem na Teoria do Conhecimento o seu objeto e a sua mais
ampla conceituação, uma vez que essa teoria é a expressão máxima de tudo o que
se pode entender por Filosofia.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Do princípio do século XVII ao fim
do século XVIII, 1o aspecto geral do mundo natural 2alterou-se
de tal forma que Copérnico teria ficado pasmo. A revolução que ele iniciara
desenvolveu-se tão rápido e de modo tão amplo que não só a astronomia se
transformou, mas também a física. Quando isso aconteceu, dissolveram-se os
últimos vestígios do universo aristotélico. A matemática tornou-se uma
ferramenta cada vez mais essencial para as ciências físicas.
A visão do universo adotada por
Galileu — morto em 1642, ano do nascimento de Isaac Newton — baseava-se na observação,
na experimentação e numa generosa aplicação da matemática. Uma atitude de certa
forma diferente daquela adotada por seu contemporâneo mais jovem, René
Descartes,que começou a formular uma nova concepção filosófica do universo, que
viria a destruir a antiga visão escolástica medieval.
Em 1687, Newton publicou os Principia, cujo impacto foi imenso. Em
um único volume, reescreveu toda a ciência dos corpos em movimento com uma
incrível precisão matemática. Completou o que os físicos do fim da Idade Média
haviam começado e que Galileu tentara trazer à realidade. As três leis do
movimento, de Newton, formam a base de todo o seu trabalho posterior. Ronan
Colin A.. História ilustrada da ciência:
da Renascença à revolução científica. São Paulo: Círculo do Livro, s/d, p.
73, 82-3 e 99 (com adaptações).
4. (Unb 2010) Os trabalhos de Aristóteles e
Galileu representam dois momentos marcantes do desenvolvimento das ciências
naturais no Ocidente. Assinale a opção que sintetiza corretamente as
contribuições de cada um deles para a história da ciência.
a) Aristóteles produziu conhecimento acerca do universo de modo empírico e
experimental, ao passo que Galileu defendeu o uso da matemática como ferramenta
de descoberta, relegando a lógica a uso apenas argumentativo.
b) O conhecimento de Aristóteles acerca do universo era especulativo,
embasado na lógica que ele mesmo criara, diferentemente do conhecimento de
Galileu, que defendia o uso da matemática como ferramenta de descoberta,
relegando a lógica a uso apenas argumentativo.
c) A despeito de diferenças quanto à percepção do universo, como
heliocêntrico ou geocêntrico, tanto Galileu quanto Aristóteles atribuíam à
lógica o poder de desvelar relações de causalidade entre os fenômenos naturais.
d) O conhecimento de Aristóteles acerca do universo era empírico, e o de
Galileu, contemplativo, diferindo ambos
quanto ao grau de manipulação dos fenômenos naturais na construção dos
conceitos científicos.
5. (Ufmg 2008) Leia este fragmento de poema:
“E a nova
Filosofia coloca tudo em dúvida,
O Elemento
fogo é deixado de lado,
O sol está
perdido, e também a Terra,
E nenhuma
sabedoria humana é capaz de guiar essa busca.
E
livremente os homens confessam que este mundo se esgotou,
Quando
procuram nos Planetas e no Firmamento tanta novidade
Veem que
tudo está de novo pulverizado em Átomos,
Tudo em
pedaços, toda coerência se perdeu.”
DONNE, J. An Anatomy of the world (1611).
Nesse
fragmento, John Donne, poeta inglês do século XVII, expressa sua inquietação
diante da dissolução do cosmos aristotélico por Copérnico. Com base na leitura
do poema e considerando outros conhecimentos sobre a revolução científica do
século XVII, explique a afirmação:“E a nova
Filosofia coloca tudo em dúvida...”
Gabarito:
ResponderExcluirResposta da questão 1:
[D]
Tanto na afirmação de Aristóteles quanto no texto do enunciado da questão, a admiração é vista de maneira positiva, como ato de grande importância para a prática filosófica. Dentre as alternativas, somente [D] estabelece essa mesma relação. Todas as outras concebem a admiração como ato que impede o conhecimento filosófico.
Resposta da questão 2:
[A]
Somente a alternativa [A] está correta. O texto diz respeito às transformações de método ocorridas na ciência e na filosofia a partir de Galileu. Dando ênfase à experimentação, tais métodos procuravam reformular a maneira como o homem produzia e lidava com o conhecimento.
Resposta da questão 3:
[A]
A presente questão retoma a definição de Caio Prado Junior a respeito da filosofia. Para ele, o grande problema teórico da filosofia é o Conhecimento. Vale ressaltar que a filosofia não pode ser entendida como uma simples extensão ou alguma coisa similar à ciência. Pelo contrário, seus objetos de investigação são outros, bem como o seu método de análise.
Resposta da questão 4:
[B]
Aristóteles, discípulo de Platão, foi suficientemente crítico para ir além do mestre. Recusando o idealismo do mundo das ideias, admite que somente o ser humano concreto existe. O modelo astronômico de Aristóteles baseia-se na cosmologia de Eudoxo (400-347 a.C.), um dos discípulos de Platão. Esse modelo é geocêntrico, ou seja, (tem a Terra no centro) e é conhecido como “modelo das esferas homocêntricas”, em que os sete corpos celestes (Lua, Sol e cinco planetas) se acham cravados na própria esfera. O modo como Aristóteles propunha a visão e o universo foi desfeito apenas no Renascimento, quando Galileu e, posteriormente Kepler e Newton, “igualam Céu e Terra”, isto é, explicam a física e a astronomia pelas mesmas leis. O próprio Galileu, quando ao seu método nos explica:
“A filosofia encontra-se escrita neste grande livro que continuamente se abre perante nossos olhos (isto é, o universo), que não se pode compreender antes de entender a língua e conhecer os caracteres com os quais está escrito. Ele está escrito em língua matemática, os caracteres são triângulos, circunferências e outras figuras geométricas, sem cujos meios é impossível entender humanamente as palavras: sem ele nós vagamos perdidos dentro de um obscuro labirinto”.
(GALILEU, G. O ensaiador, Col. Os pensadores, São Paulo, Abril Cultural, 1973, p. 119).
Ao contrário de Aristóteles, Galileu valoriza a experiência e se preocupa com a descrição dos fenômenos.
Resposta da questão 5:
Até antes da revolução copernicana, a Terra era considerada, para a cultura europeia, o centro do universo. A nova filosofia relacionada ao modelo proposto por Copérnico significou a retirada da Terra do centro, bem como todas as teorias que se baseavam nesse dogma. Nesse sentido, a religião cristã, bem como os modelos filosóficos clássicos que se baseavam na ideia de um universo estável, necessitava ser revista, significando que as ideias e a coerência dos modelos deixaram de fazer sentido absoluto. O que se observa, portanto, é a ascensão da ideia de que a razão deve ser o meio mais puro de compreensão da realidade, segundo um modelo cientificista.
Obrigado por partilhar este maravilhoso material!
ResponderExcluirAbraço!